Perturbação da linguagem

Com a entrada para a creche, esperava-se que desemburrasse. Mas isso não aconteceu!




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Com a entrada para a creche, esperava-se que desemburrasse. Mas não. Frases simples, com mais de dois elementos, só conseguiu dizer depois dos quatro anos.


O Miguel disse as primeiras palavras já muito tarde, bem depois dos três anos de idade. Ele compreendia tudo o que se lhe dizia: obedecia a ordens e seguia instruções verbais relativamente complexas. Com a entrada para a creche, esperava-se que desemburrasse. Mas não: continuou a falar pouco e mal. Frases simples, com mais de dois elementos, só conseguiu dizer depois dos quatro anos. Brincava bem com as outras crianças e era um ás em puzzles e nas construções. Tinha um feitio fácil e não fazia muitas birras. Não tinha tiques, nem fixações ou fascínios por um determinado assunto ou objecto. Aos cinco anos, os pais, apreensivos, consultaram um pediatra e o diagnóstico foi óbvio para o especialista: Perturbação Específica da Linguagem de tipo Expressivo (já que a Compreensão Linguística não estava atingida). O pediatra propôs, para além da terapia da fala, um treino dos pré-requisitos da aprendizagem da leitura (com medo de que ele viesse a desenvolver, no primeiro ciclo da escolaridade, uma dislexia). Os resultados não podiam ter sido melhores: aprendeu a ler antes da entrada para o primeiro ano da escolaridade e hoje, aos quinze anos de idade, o Miguel fala tão bem, com uma retórica tão apurada e elegante, que os seus amigos dizem que ele vai para vendedor ou para a política…

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