Super pai

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Sabe qual o denominador comum de filmes como Regresso ao Passado, Hulk, Rain Man, O Padrinho, Superhomem, Batman, A Guerra das Estrelas, O Rei Leão, À Procura de Nemo... e um milhão de outros filmes? Sim, Hollywood tem consciência da importância dos pais. E nós?


Sabe que os estúdios de Hollywood gastam fortunas astronómicas para ficarem a saber quais são os temas que fazem disparar as respostas emocionais mais intensas dos espetadores? Lembra-se dos filmes Top Gun (1986), Forrest Gump (1994) ou Footloose (1984)? Não, na verdade não se tratava da história de um piloto de caça da Marinha norte americana, nem das fantásticas aventuras de um homem que corria que se fartava, nem sequer de um filme sobre adolescentes que gostam de dançar...Todos eles são, na verdade, filmes sobre a relação pai-filho ou pai-filha, é esta relação que motiva os personagens e conduz a narrativa!

Numa cena de Top Gun, o Tenente Pete “Mavrick” Mitchell ouve o seu Comandante Metcalff dizer, sobre as circunstâncias da morte heróica do pai: “Yeah, o teu velho fez bem. É por isso que voas da forma como voas? Para tentares provar alguma coisa?”. A necessidade mais desesperante de Maverick não era abater os MiGs russos nem deitar-se com a bela Kelly McGillis. O que o movia, na verdade, era a necessidade de se reconciliar com a perda do seu pai!

Em Forrest Gump, a personagem icónica de Tom Hanks não está à procura de reconciliação com o pai, mas de um propósito para a sua própria vida. Apesar de ser um herói de futebol, um veterano de guerra condecorado, campeão de ténis de mesa, magnata do camarão e milionário, Forrest não consegue deixar de correr nem literalmente... nem metaforicamente! Só quando descobre que tem um filho. Aí sim, a sua vida começa, de repente, a fazer sentido. O filme termina com Forrest a garantir ao filho, antes de o autocarro o levar para a escola: “Vou estar aqui quando chegares”.

Footloose também não é uma história sobre adolescentes que adoram dançar, mas sim sobre um pastor conservador (John Lithgow), que sobreprotege a sua filha mas que finalmente tem de aprender a deixá-la partir...

Enfim, parece que Hollywood tem consciência da importância dos pais. E nós? Saberemos quão poderosas podem ser as palavras e as ações de um pai? Saberemos que as crianças nascem com um vazio que só um pai é capaz de preencher?
Pense nos maiores desafios do nosso século: drogas, sexualidade perversa e gravidez precoce, bullying, falta de valores e de espiritualidade, prisões a abarrotar, violência doméstica, etc.... As ruturas mais devastadoras da nossa sociedade reduziriam drasticamente se os pais fizessem o seu trabalho de casa... em casa.


O que acontece (estatisticamente) quando não estão por perto?
- cerca de 85 por cento dos jovens reclusos cresceram sem um pai em casa;
- meninas e meninos que vivem sem pai têm o dobro das possibilidades de não virem a frequentar a faculdade e quatro vezes mais probabilidades de desenvolverem problemas emocionais;
- cerca de 75 por cento dos pacientes de centros de reabilitação de drogas vivem em casas sem pai;
- em cada quatro adolescentes suicidas, três viviam em famílias em que faltava um dos progenitores;
Estes dados retiram-nos a esperança? Não! Exatamente o oposto. Se a ausência dos pais é tão devastadora então significa que a sua presença seria a solução, certo?
A dureza destes dados juntamente com todas as evidências mostradas pela investigação raramente são trazidas à luz do dia! E grande parte da nossa sociedade expressa pouca consideração pela paternidade.
Os media, as escolas, as empresas, os políticos, juízes, líderes espirituais, religiosos e de opinião, instituições do estado, artistas... todos parecem ter desistido dos pais. Como se eles não interessassem nem fizessem falta. Ou pior, como se até fizessem parte do problema!
Mas o inverso é verdade e precisa ser dito! Os homens precisam de ouvir: “Pai, tu fazes falta!”, “Os teus filhos precisam de ti!”, “A tua mulher (ou a mãe dos teus filhos) precisa que estejas mais envolvido no dia-a-dia dos teus filhos”.


O que ganhamos?
Sem modelos fortes masculinos, as famílias sofrem a curto e longo prazo. A sociedade fica mais fraca... sim, os pais contam! Quer evidências? Pergunte à criança!

- Um pai comunica e interage de uma forma diferente da da mãe. Com apenas oito semanas de idade, um bebé já consegue diferenciá-los!
Essa diversidade, por si só, proporciona às crianças experiências mais amplas e mais ricas e são críticas para o seu desenvolvimento: homens e mulheres têm formas distintas de lidar com a vida. Os pais atiram os filhos ao ar, fazem cócegas, brincam às lutas, às perseguições e aos monstros. Uma forma divertida de a criança aprender, por exemplo, que é inaceitável morder e dar pontapés. E quando o pai avisa “vá, já chega!” está a ensinar também a ganhar autocontrole e a acalmar-se. Tanto as meninas como os meninos aprendem com o pai um equilíbrio saudável entre timidez e agressão.
- Os pais ajudam a criança a construir confiança. Basta ir a um parque infantil e ficar a observar em silêncio: quem é que, normalmente, incentiva as crianças a treparem um pouco mais alto, a andar de bicicleta um pouco mais rápido, enfim, a desafiá-las para darem “a milha extra”? O pai. Enquanto as mães protegem, os pais incentivam as crianças a ultrapassar limites.

- Os pais comunicam com os seus filhos de uma forma diferente da das mães. As mães simplificam e falam ao mesmo nível da criança. Os homens habitualmente não modificam a sua linguagem: desta forma, desafiam também a criança a expandir o seu vocabulário e as suas competências linguísticas – muito importante para o seu sucesso académico.

- Os pais disciplinam de forma diferente. Os pais enfatizam a justiça e o dever (a base das regras), enquanto as mães enfatizam a simpatia, o cuidado e a ajuda (a base dos relacionamentos).

- Os pais tendem a impor regras, ensinando às crianças as consequências do certo e do errado. Ambas as abordagens, em conjunto, criam um equilíbrio muito saudável.

- Os pais preparam as crianças para o mundo real... mostrando que as atitudes e os comportamentos têm consequências. Por exemplo, é mais provável ser um pai (em vez de uma mãe) a dizer ao filho que, se não for tratar bem os outros meninos, eles não irão querer brincar. Ou que, se não estudar, não terá um bom trabalho. Os homens preparam os filhos para a dura realidade da vida.

- Os pais mostram aos filhos o mundo masculino. Os homens vestem-se e lidam com a vida de uma forma diferente das mulheres. As crianças que crescem com um pai por perto familiarizam-se com o mundo masculino e isso torna-as mais seguras. Como?
As meninas terão uma maior tendência para relacionamentos mais saudáveis com o sexo oposto, porque ao longo da sua infância vão aprendendo com os seus pais a forma adequada de os homens agirem com as mulheres.
Quanto aos meninos são, tendencialmente, menos violentos pois aprendem a canalizar a sua masculinidade e força de forma positiva. Os pais ajudam os filhos a compreenderem a sexualidade, a higiene e o comportamento adequados do sexo masculino apropriados a cada idade.


O pai e o filho

Parece que por volta dos seis anos se estabelecem laços mais fortes entre o menino e o pai. Entre esta idade e os 14 anos, o rapaz decide ligar o interruptor da masculinidade. Por sua espontânea vontade começa a querer aprender a ser um homem. Claro que continua a adorar a mãe e tem ainda muito a aprender com ela. Mas começa a concentrar-se mais no que os homens em geral e o pai em particular têm para lhe dar. Há três coisas de que todos os rapazes precisam saber: Quem é o líder aqui? Quais são as regras que tenho que respeitar? Essas regras vão ser aplicadas com justiça? E os pais conseguem dar respostas a estas questões.


Uma palavra aos pais “single”

Alguns homens, depois da separação, ficam tão destroçados pela dor que acabam por desligar-se dos filhos, com quem passam a ter sérias dificuldades em comunicar. Este desligamento emocional pode levar ao afastamento progressivo, em que os homens vão visitando os seus filhos cada vez menos, cancelando as visitas e acabando por desaparecer das suas vidas.
Outros pais, pelo contrário, têm de lutar arduamente contra o sistema, para poderem manter o contacto com os filhos. Há pais que veem os filhos apenas a meio da semana, ao fim de semana, de 15 em 15 dias, uma vez por mês ou raramente. A sua tendência é a de investirem todo o (pouco) tempo livre que têm com o filho em idas ao cinema e ao centro comercial, almoçar, visitar amigos com filhos.

Deixe-me dizer-lhe que em vez de centrar-se em programas, deve centrar-se na pessoa da criança ou adolescente. Em vez de se concentrar no “fazer” concentre-se no “estar”. Como habitualmente estão pouco tempo com os filhos, a sua tendência é planearem antecipadamente cada minuto do tempo de visita e tentar divertir-se ao máximo com o filho. Mas isso faz apenas com que cheguem ambos ao final da visita exaustos.

É verdade que geralmente os miúdos adoram estes programas com o “pai-que-não-vive-com-eles” mas do que mais precisam é de verem os pais em situações do quotidiano, em contextos normais, precisam de conversar com eles num ambiente tranquilo e íntimo. Só conversando “a sério” com os filhos poderemos descobrir as suas verdadeiras necessidades emocionais.
Os pais que não têm a guarda ficam muitas vezes a pensar que cumpriram a sua obrigação mas os filhos muitas vezes sentem que fica a faltar algo de importante. O pai pode ter estado presente fisicamente mas não a um nível emocional! Não é que seja fácil ter uma ligação emocional profunda com um filho que não viva connosco.

Mas se os pais aprenderem a conversar com o seu filho, garanto--lhe que a magia acontece.Como dizia Freud, “não consigo lembrar-me de nenhuma necessidade tão forte como a necessidade de proteção de um pai”.

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