A Música e a luz
Escrito por Gonçalo M. Tavares/Rachel Caiano Sexta, 10 Fevereiro 2017 | Visto - 80584
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"...estamos perdidos no escuro como nos orientamos?"
1 – Como nos orientamos no escuro (a música)
- Quando estamos perdidos no escuro como nos orientamos?
Através da voz. Do som. Eis a resposta.
Ou talvez outra resposta ainda: através da música.
A música, eis uma definição possível: a música como aquilo que nos orienta quando estamos no escuro. No quarto escuro, na casa escura.
Seguir a música como quem segue um mapa.
Segue a música para te orientares, para chegares ao sítio claro - diz o avô sábio.
Eis uma metáfora, claro. A música como aquilo que nos ensina o caminho desde o sítio escuro até ao sítio claro.
Ser iluminado, não pela luz, mas pela música.
Eis, pois, diz Jonas, a importância da música na educação. Não é apenas uma educação para os ouvidos. Ouvir boa música, aprender a tocar um instrumento, tudo isso não é apenas bom para os ouvidos, é também bom para os olhos.
Se estiveres perdido no escuro e ouvires uma música boa e uma música má, deves seguir a música boa: encontrarás a claridade boa. Se estiveres perdido no escuro e seguires a música má, encontrarás a claridade, sim, mas uma claridade má: uma luz aborrecida, ou agressiva, ou incómoda, uma luz excessiva que bate nos olhos e te obriga a baixar as pálpebras. Eis, pois, o que é a música má: é o que te leva à luz má. E a luz má é a luz excessiva e tem o mesmo efeito da escuridão. Diante da luz excessiva tens de fechar os olhos. Não vês nada quando estás no escuro. Não vês nada quando há luz a mais.
Eis, pois, diz Jonas, a importância da música na educação. Eis a importância de se aprender música, de se aprender a distinguir a má música da boa.
Ou seja: quem tem bons ouvidos terá bons olhos.
Aprende a ouvir bem para conseguires ver bem, eis um conselho, diz Jonas.
2 – Como nos orientamos no mar (a luz)
- No mar quem nos ajuda é também a luz.
- O primeiro Farol foi construído na Alexandria, no Egipto, 2300 anos antes de Cristo – diz Jonas. - Impressionante, não?
- E como era feita a luz desse farol?
- Era uma fogueira. Diziam que “era visível a 50 km de distância”. É que antigamente para fazer luz não bastava carregar num botão. A luz vinha das fogueiras. E por isso era necessário uma atenção constante para que a fogueira não se apagasse.
Se te descuidares ficas sem luz - eis o que a fogueira ensina. É necessário estar sempre atento: recolher pinhas, ramos, madeira. É necessário alimentar a luz. Porque nas fogueiras é muito evidente: a luz tem fome, é uma coisa orgânica.
Claro que, com a electricidade, esquecemos um pouco isso, mas na verdade, a electricidade é apenas uma fogueira mais obediente, uma fogueira que se cansa menos, uma fogueira que precisa menos da nossa atenção.
Mas realmente devíamos dar mais atenção à luz. A luz só se mantém, diz Jonas, se continuares a trabalhar para ela. A trazer ramos e pinhas para que a luz se mantenha.
Se ficares preguiçoso, ficarás às escuras. Eis o que acender uma fogueira e mantê-la acesa durante uma noite, ensina.